terça-feira, abril 29, 2008

E somente

Tudo que você me dizia ao pé do ouvido soava como o eriçar dos mais curtos pêlos das costas ao menos insigne toque. Soava como a verdade, como o mais idiota e importante sentimento do mundo. Ao mesmo tempo, claro.
Como um susurro que não era susurro, era mais do mesmo frente ao tudo igual. Que no fim era diferente, sabe?
Nem eu. Ou melhor.
Soava com verissimilidade, como a perfeita conjunção e concordância. Firmeza do caráter que você sempre demonstrou regozijar-se por tê-lo.
Era o ruído inexpremível, contido e explosivo ao mesmo tempo - que delicioso paradoxo, morreria em sua defesa.

Era a bagunça, o ápice, o orgasmo ilimitado, intrépido.
Se dava para entender? Ah, eu nem pensava nisso.
Porque afinal pouco me importavam entendimentos, razões e coerência.
Assim.
E diferente da angústia derradeira à qual o final deste texto tenta me remeter, deixo-me por aqui.
Como tudo que você dizia ao pé do meu ouvido: momento de completa ebulição de todas as minhas catarses, de todas as minhas contradições.
Deixo-te somente e somente com a duração deste momento.

Somente.
E somente.

segunda-feira, abril 21, 2008

À parte, individuais

Sempre quiseram me forçar a acreditar em coisas.
Mas não apenas forçar sem motivos, forçar por crer que talvez isso pudesse me fazer bem.
Forçar a acreditar por amar demais, por querer bem ou mal.
Entretanto, coisa em que o ser humano crê e talvez fuja à lógica da individualidade inerente e necessária é que
nem sempre o que temos para nós - e que nos faz bem - deve ser coletivizado (muito menos imposto ou forçado).
Onde está a individualidade natural?
Aquela não perjorativa, que nos faz seres diferenciados e pouco convencionais?
As pessoas precisam dela, cada vez mais.