segunda-feira, janeiro 28, 2008

Do paraíso ao inferno


Onírico, exagerado, absurdo.
Assim é o retrato do mundo segundo David La Chapelle.

domingo, janeiro 06, 2008

2007, music etc.


Ninguém esperava, mas quase nos momentos finais de um 2007 bem sem graça eles chegaram e roubaram mais do que a cena. Roubaram Internet, críticas, jazz e, acima de tudo, toda e qualquer palavra que pudesse encaixá-los numa só definição. Com In Rainbows, o Radiohead trouxe várias confirmações, entre elas a de que é, hoje, a banda alternativa mais pop e criativa que existe.

Antes de Thom Yorke chegar com seus rainbows, as pistas do mundo inteiro já ferviam ao som de um paulistano cheio de gás. Apostando as fichas no polêmico minimal techno - e provando que é bem possível deixar de lado o estigma de música cabeçuda que ronda o estilo -, Gui Boratto mostrou com maestria como se faz um disco eletrônico recheado de momentos catárticos. Dando de presente uma das melhores músicas do ano, Beautiful Life, a palavra que define Cromophobia é intensidade. A cada batida, a cada loop, a cada contida explosão de som, Gui conquista ouvidos e mostra por que é, ao lado de feras como Deadmau5, Stephan Bodzin e Guy Geber, o produtor mais fervido da cena.
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Enquando os White Stripes, em 2007, insistiram na fórmula cansativa do rock moderninho last season com pitada ácida clichê, duos como o Digitalism e Justice faziam a música do momento. Seja rock, eletrônica ou tudo que se puder absorver da mistura de ambos, Cross e Idealism são dançantes, irresistíveis e deliciosos.
Mistura também foi o que fez o Panda Bear, projeto solo de Noah Lennox, um dos membros do estranho Animal Collective. A bagunça dessa vez foi de samples, num resultado de fazer inveja a qualquer um que saia juntando barulhinhos para fazer música experimental. Person Pitch é lindo, melódico e tem lá seu apelo pop. É vanguardista, intenso, e, se não fosse um disco, certamente seria um belo quadro. Talvez da Lisboa de Noah, talvez de um amanhecer no campo ou mesmo de uma tarde cinzenta qualquer.
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Para finalizar, confesso que eu já tive medo de Kevin Barnes com seu Of Montreal, mas hoje acho que essa é uma das melhores bandas ever. Hissing Fauna, are you the destroyer?, a última empreitada do grupo, é um desafio aos rotuladores de plantão: é indie? é synth-pop? é eletrônico? Arrisque.
E não importa; por mais que as letras sejam tristes, que Barnes estivesse numa enorme bad trip quando compôs as faixas, Hissing... é contagiante. Acho difícil falar desse disco, talvez porque as coisas que mais nos conquistam são aquelas que deixam a gente de mãos atadas para definições. É sentimento, sabe? - Como o de Barnes, escancarado neste álbum.

Que venha 2008. Musicalmente.

E eu não me esqueci do Sound of Silver. Mas já colocaram o James lá em cima em todo lugar, né?
Também não me esqueci do Untrue, do enigmático Burial, que me fez ter uma nova visão sobre dubstep. Mas dele eu falo em outra ocasião.