terça-feira, maio 29, 2007

Eis-me aqui: impuro, maligno

Anseios e trejeitos como freios de encaixe moral. Dúbil, fútil, desprezível. Assim é agora, corroendo, o seu espírito inócuo que reflete toda a escória da esfera do bem-estar. Sujeira e podridão já não mais se misturam, completam-se como o sexo mais inofensivo e romântico. Naturalista até o fim, no teu cerne todos viram o quão horrível é o enfrentamento. E pior não seria esconder? Aceitar? Pior seria não reconhecer, como fizeram aqueles que te julgaram. Reconhecer que o escárnio é a força motriz. Que os alicerces são tortuosos, submersos. Que o rei é aquele que, de forma mais latente, cospe na tua cara e diz que o teu corpo é o templo da vaidade, do demônio. E você, mesmo combalido, não hesita: “Se a força que te move é Deus, mande-a pra cá, pra dentro deste corpo sujo, para que, por fim, eu possa contaminá-la, maculá-la, sujá-la, revelar o quão podre ela é. Ou mostre que ela é capaz de mudar meu espírito. Porque não é mais tempo de hipocrisia. Teu Deus, amigo, é teu maior inimigo... Você diz que o ama porque o teme. Diz que teu corpo é dele porque sabe que o fruto de teu aparente conforto vem da submissão.”

Sua sorte já foi lançada. Contente-se com o pior jugo.