terça-feira, junho 27, 2006

Inocuidade em prosa


É incrível pensar em como as coisas mudam, em como as pessoas mudam.
Por mais que se tente manter a linearidade acerca de um pensamento, uma idéia ou mesmo acerca de um projeto de vida, há sempre aquele momento em que você se depara com os planos todos revirados, às vezes até avessos às condições iniciais projetadas.

Aí entra a questão do idealismo.

Eu mesmo achei que sempre teria o controle dos meus ideais, que eles seriam pouco mutáveis, seguros, indeléveis. Idealizei todo um caminho, toda uma vida, todo um mundo que me esperaria ao chegar o momento de poder decidir por mim mesmo, de fazer escolhas.
E tudo foi tão desastroso, o gosto de confrontar-se com a verdadeira face da vida foi tão amargo que as convicções mudaram. Os pensamentos, as ideologias, os planos, as concepções, tudo passou por uma incrível transformação.

Definitivamente, eu ainda não sei se isso pode ser considerado crescimento. Acredito que tenha sido, mas tudo é tão podre, tudo é tão injusto no mundo que minhas ideologias de hoje podem não mais me valer nada amanhã (Não que hoje valha, mas assim o é).
É claro que, na prática, isso não funciona. É claro que a sociedade exige que tenhamos o máximo de idealismo possível. É certo que o mundo cobra de nós uma postura que foge da compreensão daquilo que é a verdade, que é o real. A verdade é distorcida e a realidade, uma falsa quimera. Neste momento, usa-se a máscara mais vergonhosa, a da omissão.

É difícil pensar na vida sem a fantasia, sem o sonho.
É difícil sair da caverna e sentir os olhos doer, sentir-se fora do ventre, fora do maniqueísmo, da dualidade imposta.
É difícil perceber o simples fato de estarmos sozinhos num jogo em que o “vencedor” é aquele que mais se mostra alienado.

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Amor!!!
Muito bom passar horas comendo e conversando...
somos dois gordos.

quarta-feira, junho 28, 2006 9:49:00 PM  

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